Antes da pele
A primeira coisa que um habitante de outro planeta deve fazer ao empreender uma expedição por mundos desconhecidos é aprender a sua linguagem. Para isso, é necessário se aproximar de suas letras, conhecer as sutilezas de um idioma, os sons, mas também reconhecer as expressões, os não ditos, os mal-ditos, as coisas que se dizem dizendo de outra forma, os movimentos do corpo. Tudo isso – e certamente mais.
Depois, assimilada a linguagem em sua complexidade, com aquele dom místico que só os seres de outras esferas possuem, talvez seja prudente tomar parte de um corpo, para então misturar-se com os seres que lá habitam. Dar forma a si mesmo. Talvez os mais afoitos falem em alteridade, mas vamos com calma.
Agora já se habita um corpo e já é possível se comunicar, através dele, entre iguais.
Em seguida, é recomendável que se encontre uma forma de manter vivo (sabe-se lá como) o corpo e de energizar alma (se for o caso).
Mas aí se corre um risco. Como sabemos, as pessoas podem ser hostis na mesma medida em que revelam gentileza. Além do mais, tem uma coisa que o extraterrestre não consegue captar plenamente. É que o humano domina muito bem a técnica do horror.
Um texto que pode ser considerado uma bela apresentação para esse filmaço que, acredito, o tempo fará justiça.